A alta na inflação afeta a taxa de condomínio?

13 out 2022

7 min. de leitura

O Brasil fechou o ano passado com uma alta acumulada de preços na ordem de 10,6%, atingindo o maior patamar da inflação desde 2015. O resultado, divulgado pelo IBGE, superou as metas previstas pelo Banco Central para o período. A projeção do mercado para 2022 prevê desaceleração, mas acima das metas previstas.

Segundo o Boletim Focus de final de abril, divulgado pelo Banco Central, a meta da inflação está em 7,89%, mas os analistas já falam de uma inflação de cerca de 9%. O valor está acima do previsto pelo segundo ano consecutivo. Com isso, consumidores de todo o país sentem no bolso os impactos do aumento nos preços.

Na prática, a inflação significa redução do poder de compra. Com produtos e serviços mais caros, no fim das contas, o dinheiro vale menos.

No condomínio, o aumento constante de preços tem levado síndicos e administradores a fazerem malabarismos para equilibrar os gastos com a arrecadação das cotas condominiais sem comprometer a previsão orçamentária.

Muitos gestores, preocupados com os impactos da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19, evitaram reajustar as taxas condominiais nos últimos dois anos. Pesquisas apontam que cerca de 70% dos brasileiros tiveram emprego ou renda familiar prejudicados em decorrência do Novo Coronavírus.

Mas a falta de correção do valor ao longo dos anos, somada à subida persistente nos preços de produtos e serviços tornou ainda mais difícil a tarefa de equilibrar as contas condominiais. Para muitos, ficou impossível represar o reajuste por mais tempo.

Segundo dados do IPEVECON (índice Periódico de Variação de Custos Condominiais), elaborado pela AABIC – Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo – as despesas condominiais tiveram um valor acumulado de 2,34% no período compreendido de Fevereiro/21 a Fevereiro/22.

Além da diminuição no poder de compra e do potencial aumento nas taxas condominiais, há uma série de outros impactos da inflação alta no cotidiano do condomínio. Veja abaixo os principais.

Afinal, o que mais afeta a taxa de condomínio?

José Roberto Graiche Júnior, presidente da AABIC e vice-presidente do Grupo Graiche, ressalta que a taxa Selic de juros não impacta nas taxas condominiais. Porém, o aumento da inflação, sim.

Aumento nos insumos do condomínio

A inflação também afeta as contas de consumo – luz, água, gás, telefonia -, que é o segundo maior custo pago pela taxa de condomínio. A conta de água, por exemplo, sofreu alteração em São Paulo: houve reajuste de 12,8% nas tarifas da Sabesp em maio.

Um dos principais índices de inflação do Brasil é o IPCA, e ele mede as variações mensais dos preços de uma cesta vasta de serviços e insumos. Entre os itens mais determinantes para a alta do IPCA nos últimos anos está a energia elétrica. No condomínio, estima-se que ela represente de 5% a 10% do custo total de manutenção.

Para síndicos e gestores, foi impossível não sentir o impacto dos sucessivos aumentos no fornecimento de energia. Além disso, as pessoas tiveram de pagar mais caro por combustível e produtos de limpeza, cuja maior demanda se elevou durante a pandemia por conta da emergência sanitária.

Contratos mais caros

Estimativas indicam que os contratos com fornecedores terceirizados sentiram bem o impacto da inflação. Serviços ligados à indústria e equipamentos, como os de manutenção ou instalação de elevadores, geradores, câmeras de vigilância ou bombas d’água, registraram reajustes na faixa dos 15%.

Em São Paulo, a Convenção Coletiva de terceirizados fixou o reajuste em 10,74% em janeiro deste ano. Consequentemente, a folha de pagamento de empregados fixos, que pode chegar a representar 70% da despesa total do condomínio, também aumentou.

Maior risco de inadimplência

Um dos maiores impactos indiretos da inflação no condomínio é o risco de maior inadimplência. Com o aumento do custo de vida, as chances de endividamento das famílias são maiores e, não raro, na hora de priorizar a quitação de débitos, os condôminos acabam preferindo pagar contas com penalidades e juros maiores, como faturas de cartão de crédito, por exemplo, em detrimento da cota condominial.

Apesar disso, o índice de inadimplência no estado de São Paulo vem caindo cada vez mais. Segundo os apontamentos do IPEMIC – Pesquisa do Índice Periódico de Mora e Inadimplência Condominial (desenvolvido também pela AABIC), o último trimestre de 2021 registrou índice médio de 2,20% de inadimplência no pagamento de boletos condominiais, a menor média histórica para o período desde o início da sua medição, em 2004. Em janeiro de 2022, a inadimplência atingiu índice de 2,41%, também o menor patamar para o mês na história do levantamento.

Vale a pena ressaltar que a falta de pagamento das cotas prejudica o fluxo de caixa do condomínio, além de frear a realização de manutenções e obras corretivas, que passam a ser relegadas a segundo plano. Em quadros deficitários, o síndico acaba tendo de recorrer também ao fundo de reserva condominial para fechar o mês.

Em casos mais extremos de desequilíbrio de caixa, a inadimplência pode comprometer o pagamento dos funcionários, gerando passivos trabalhistas, além do adiamento do pagamento de despesas ordinárias para o mês seguinte, hipotecando a sustentabilidade financeira do condomínio em longo prazo.

Como síndicos podem agir no dia a dia com os condôminos?

Uma saída apontada para contornar os reflexos da inflação é compensar gastos e reduzir os custos. Ou seja, ao perceber que há mais despesa com uma determinada área que compõe a cota condominial, há de se economizar em outra.

Caso seu condomínio esteja terminando o mês no negativo, recomenda-se revisar e ajustar a previsão orçamentária. Levar as informações de maneira clara e didática na assembleia condominial.

José Roberto Graiche Júnior menciona outras formas de economizar e lidar com gastos no condomínio como o uso de tecnologia. Outra alternativa é optar pela portaria remota. Esse tipo de serviço pode economizar em até 50% as despesas com funcionários no condomínio por dispensar a presença de porteiros. Refletindo diretamente na cota condominial, o restante do dinheiro pode ser direcionado para outras áreas, como a manutenção do empreendimento ou benfeitorias.

Veja algumas opções de iniciativas do síndico e da administração condominial:

# Em assembleia, explicar no que o aumento da inflação impactou as contas do condomínio e a necessidade de reajuste da cota;

# Caso a conta não esteja mais fechando, revisar a previsão orçamentária mais de uma vez ao ano e levar em assembleia;

# Abrir cotações com pelo menos três fornecedores para checar o preço do mercado e o que melhor atende sua demanda em custo e benefício;

# Conscientizar moradores sobre economia de água, luz e gás;

# Deixar o fundo de reserva aplicado em um investimento;

# Avaliar a possibilidade da individualização de água;

# Compensar gastos;

# Negociar contratos com fornecedores e prestadores de serviços.

Manter a organização em um condomínio é uma tarefa que exige muito trabalho e comprometimento. Nem sempre o síndico, corpo diretivo e funcionários conseguem dar conta sozinhos de todas as responsabilidades legais de um condomínio, por isso, é interessante contratar uma administração condominial especializada.

Se você precisa de ajuda e está procurando uma opção de confiança e com especialistas no assunto, confira os serviços de administração condominial oferecidos pelo Grupo Graiche!

Administradora de Condomínios
VOLTAR PARA NEWS