Diga não ao desperdício
Em 22 de janeiro, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) lançaram a campanha “Pensar. Comer. Preservar. Diga não ao desperdício” em Genebra, Suíça.
A campanha é mais um esforço dos organismos da ONU para lidar com um dos problemas mais graves do planeta: o crescimento populacional versus a escassez de alimentos em certas regiões e o desperdício inaceitável em outras.
Embora seja destinada a consumidores, comerciantes e setores da gastronomia e hospedagem, a campanha apresenta informações a respeito do desperdício de alimentos do plantio ao consumo final.
Segundo a FAO, 95% da perda de alimentos ocorrem nos países em desenvolvimento no início da produção. Contribuem para isso limitações financeiras e técnicas, dificuldades para armazenamento, infraestrutura e transporte precários.
Nos países desenvolvidos, o desperdício é maior nos pontos de venda. Grandes quantidades de alimentos são descartadas por causa da aparência imperfeita e da data de validade. Quanto ao consumidor, o desperdício é detectado no exagero, seja nas compras, seja no preparo da comida. Muito do que vai para a geladeira é jogado fora depois.
Números do desperdício
No portal www.thinkeatsave.org, estão reunidos números expressivos do que ocorre pelo mundo, bem como ações que devem ser desencadeadas pela campanha.
. Mais de 20% das terras cultiváveis, 30% das florestas e 10% dos pastos no mundo estão degradados;
. Pelo menos 70% da água consumida no mundo são utilizados pela agricultura;
. A produção de alimentos consome, globalmente, quase 30% da energia disponível para usuários finais;
. A agricultura acarreta mais de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa;
. A pesca descontrolada é responsável pelo esgotamento de 30% das áreas pesqueiras;
. O desperdício per capita de alimentos varia de 95 a 115 kg por ano em países da Europa, América do Norte e Oceania;
. Um terço da produção global de alimentos é desperdiçado, o que equivale a 1.3 bilhão de toneladas por ano;
. Atualmente, os alimentos são desperdiçados numa proporção 50% maior do que nos anos 1970.
No mundo, uma a cada sete pessoas vai para a cama com fome e cerca de 20 mil morrem de fome todos os dias.
Dar o exemplo
Conter o desperdício dos alimentos é um desafio complexo que envolve questões econômicas, sociais e ambientais e demanda a participação efetiva de todo mundo, dos governantes e líderes globais aos cidadãos comuns.
Para o consumidor, a campanha propõe compras planejadas, sem excessos. Frutas e vegetais não precisam ter aparência perfeita para serem aproveitados. O importante é que estejam adequados para o consumo. Quando o prazo de validade nas embalagens indica “consumir preferencialmente antes de”, isso não significa que o produto não pode mais ser consumido. O consumidor deve avaliar o seu estado antes de jogá-lo fora.
Outras orientações incluem congelar alimentos, utilizar sobras que estejam em boas condições de consumo e até doar para bancos de alimentos, abrigos e instituições.
A campanha “Pensar. Comer. Preservar. Diga não ao desperdício” está ligada à SaveFood Initiative, ação organizada pela FAO e pela Messe Düsseldorf para combater a perda de alimentos, e ao Desafio Fome Zero, do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon.
As organizações internacionais WRAP UK, de incentivo à reciclagem, e Feeding the 5,000, que distribui gratuitamente refeições feitas com alimentos que seriam descartados, se alinham a outros parceiros internacionais no apoio à iniciativa.
No Brasil, muitas empresas e instituições já atentaram para a importância do consumo responsável e trabalham no sentido de conscientizar seus colaboradores para que eles multipliquem boas práticas em casa e também na comunidade.
Sabemos que a mudança de hábitos é difícil, mas não impossível.
Fonte: Uol Educação