TECNOLOGIA, SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA

5 abr 2019

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Dia dos pais, dia das mães, dia dos professores, dia dos namorados, dia do síndico, do zelador, do médico, do arquiteto, enfim, por que será que criam dia pra tudo?
Já parou para pensar porque existem tantas datas comemorativas no seu calendário? É claro que muito disso acontece por parte das relações comerciais com foco em venda de produtos. Mas, se pensarmos bem, toda criação de um dia “D” tem como objetivo principal fazer com que os outros pensem e reflitam sobre determinado assunto.
Nos últimos anos muito se tem ouvido falar em dias especiais ligados a sustentabilidade. Dia da árvore, dia da água, dia do meio ambiente, dia da Terra.
Em 1970, Gaylord Nelson, ativista ambiental e senador americano, criou uma manifestação envolvendo milhares de escolas, universidades e comunidades, a fim de sensibilizar, através da sociedade, líderes mundiais sobre a magnitude dos problemas ambientais que estavam por vir.
Um dos grandes problemas seria o uso excessivo de recursos naturais (uso x renovação da natureza) para a criação de materiais de alta tecnologia para pouco tempo de uso, abusando de recursos naturais, água e energia elétrica, sem pensar nas consequências. Causando impactos ambientais, como o desmatamento ilegal, a poluição excessiva e o efeito estufa.
Novos recursos
Tudo o que é feito para ser usado por pouco tempo (copo plástico, por exemplo, muitas vezes usado somente por alguns segundos) deveria voltar para a natureza e se transformar em novos recursos, mas infelizmente nem sempre isso acontece.
O plástico tem baixo custo. A indústria cresce invariavelmente não dando tempo da natureza se renovar.
Para fabricar uma lata de alumínio, é usada bauxita, água e energia. É muito mais viável financeiramente falando, reciclar uma lata do que fazer uma nova. Ou seja, a conta da renovação da bauxita fecha.
O mesmo acontece com a areia, recurso usado para fazer vidro. Da mesma forma deveria acontecer com os eucaliptos, que são a principal matéria prima do papel. Por ser renovável deveria ser extraído e replantado, evitando um dos maiores crimes ambientais, o desmatamento ilegal.
Já o plástico, criado há pouco mais de 1 século para facilitar o dia a dia das pessoas, ainda é um material considerado novo. Ele pode até ser uma ótima opção em alguns casos, mas tornou-se o maior vilão da natureza, pelo excesso de produção, pouco tempo de uso, descaso no descarte e também por ser feito com componentes químicos que até hoje nunca se degradaram na natureza.
Conscientização
Para fabricar plásticos, usa-se petróleo, água e energia. O grande problema é a dificuldade na hora de separar, pois existirem milhares de tipos de plásticos e eles não podem se misturar no processo da reciclagem.
O ideal seria diminuir o consumo conscientizando e educando as pessoas. Mas, isso só daria bons resultados se a indústria também colaborasse, fabricando plásticos biodegradáveis, que em pouco mais de 6 meses num aterro sanitário simplesmente desapareceriam na natureza e reciclando os já existentes.
Ser um ativista sustentável no mundo atual pregando o #plasticozero é como pedir a uma criança que pesquise pela Barça. Temos que nos adaptar ao mundo real e usar toda tecnologia que existe em prol do meio ambiente.
Segundo a Global Footprint Network, organização americana de pesquisas, a humanidade usa descontroladamente os recursos da natureza, não dando tempo de se renovarem no meio ambiente. Por este motivo criaram o “Dia do Esgotamento da Terra”, data variável que a cada ano chega antes.
Em 1990 a sobrecarga de recursos aconteceu em meados de dezembro. Em 2018 a população esgotou seus recursos no dia 1º de agosto. Isso significa que vivemos quase 5 meses no saldo devedor, e sem dúvida, isso tem causado grandes impactos e catástrofes naturais como a baixa qualidade do ar, aumento de temperaturas e acúmulo de lixo nos oceanos.
Todo lixo descartado de forma incorreta, faz com que o mesmo acabe nos bueiros e rios das cidades e desemboque nos oceanos. A corrente marítima forma redemoinhos e faz com que o lixo se aglomere em algumas regiões, prejudicando a vida marinha e todo oxigênio que sai da água do mar. A área estimada de lixo plástico no pacífico é cerca de duas vezes a área do Brasil.
Tecnologia e sustentabilidade deveriam andar daqui pra frente juntas em prol da qualidade de vida humana.

“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência, se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.” Mahatma Gandhi

 
Por Maria Cláudia Buarraj El Khouri, Arquiteta e Urbanista. Gerente do Departamento Técnico, Suprimentos e Sustentabilidade do Grupo Graiche.

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