Lixo orgânico: sustentabilidade começa em casa (e no condomínio)

10 out 2016

4 min. de leitura

Restos de alimentos que passam pelo processo de compostagem transformam-se em adubo e podem ser utilizados nos jardins do próprio condomínio

 

Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em área urbana, espaço que concentra melhores serviços e condições de habitação, mas também grandes problemas socioambientais, dentre eles, o lixo. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), no período entre 2003 a 2014, houve um aumento de 29% na geração de resíduos – o equivalente a cinco vezes a taxa de crescimento populacional no mesmo período.

 

No Brasil, uma pessoa produz diariamente cerca de um quilo de resíduos. Mais da metade disso é matéria orgânica, e a destinação nem sempre ocorre de forma adequada. Fazer a diferença na redução da geração de resíduos exige responsabilidade e dedicação. E todos, sem exceção, desempenham um papel importante. A Lei federal 12.305/2010 – que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – regula todas as atividades relacionadas à produção de lixo e estabelece a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos.

 

Para a fração orgânica, especificamente, uma solução viável é a compostagem. “A prática, além da redução do volume de resíduos, alivia a demanda por aterros sanitários, reduz a emissão de CO2, evita a geração de chorume e de gás metano, produz adubo de excelente qualidade, promove a conscientização ambiental e ainda possibilita a criação de hortas comunitárias com o adubo gerado”, enumera o coordenador administrativo da ONG Morada da Floresta, Leopoldo Matosinho.

 

COMPOSTEIRAS DOMÉSTICAS

Nos condomínios, a prática de aproveitamento dos resíduos orgânicos é mais fácil do que se possa imaginar. O processo se torna viável com um passo simples, que é a separação do lixo em, pelo menos, duas partes: seco e orgânico.

 

Sugere-se que cada família faça a compostagem em sua própria residência. Essa atividade, além de despertar uma mudança profunda na relação com o lixo, promove a reflexão sobre uma alimentação mais saudável e orgânica, já que os fertilizantes poderão ser usados nas próprias plantas, flores e hortaliças.

 

Existem composteiras domésticas para cada perfil de família, ou seja, com tamanhos que atendem de uma a cinco pessoas. É importante medir previamente a quantidade de resíduos orgânicos gerados durante alguns dias, e assim, optar pelo tamanho ideal.

 

Outra opção: os condomínios podem colaborar, optando pela estratégia de compostagem centralizada. Por meio dela, os resíduos orgânicos provenientes das casas ou apartamentos são colocados em cilindros de compostagem termofílica, misturados e cobertos com matéria vegetal seca (serragem, folhas e/ou resíduos de jardinagem).

 

“Este caminho, evidentemente, requer um trabalho de educação ambiental e sensibilização referente à separação correta dos resíduos com os moradores e a capacitação das pessoas que irão operar o sistema de compostagem”, destaca Matosinho.

 

Para a formação do composto, podem ser utilizadas cascas de frutas, legumes e verduras, folhas, saquinhos de chá, cascas de ovos, borra de café, sobras de alimentos cozidos ou estragados, papel toalha, guardanapo etc. Já os materiais impróprios para a compostagem são restos de carne, óleos de frituras, temperos fortes, alimentos com excesso de sal, resíduos lácteos, fezes de animais domésticos, restos de tintas e medicamentos, entre outros.

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