Reciclagem do lixo: Os condomínios preservando o meio-ambiente

28 mar 2016

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A produção de resíduos sólidos urbanos no Brasil tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, além de ter hoje em sua composição uma quantidade maior de produtos industrializados, cujo processo de decomposição pode levar de dias a milhares de anos.

Segundo dados do Jornal Ecológico, um brasileiro pode gerar por dia, em média, de 0,5 a 1,7 kg de lixo doméstico, o que varia de acordo com o perfil de consumo, sendo que apenas sessenta por cento desse resíduo tem destinação adequada.

Cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos são compostos de materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados, tais como plásticos, vidros, papéis e metais. Os outros 60% podem ser submetidos a um processo de compostagem, tornando-se adubo orgânico. No Distrito Federal, a média de resíduos domiciliares coletados é de aproximadamente 1,5 Kg de lixo doméstico por habitante/dia, podendo chegar a 1,8 Kg/hab em algumas regiões, totalizando 3.745 toneladas/dia (SNIS 2004). Em Goiânia, segundo dados da Comurg, são quase 1.200 toneladas de lixo doméstico recolhidas diariamente, que vão para o aterro sanitário com capacidade já quase esgotada.

A maioria do lixo produzido no país é depositada nos chamados lixões, a céu aberto. A disposição inadequada provoca a proliferação de transmissores de doenças como baratas, moscas e ratos, gera maus odores e contaminação do solo e águas superficiais e subterrâneas. Várias doenças estão relacionadas à produção e destinação dos resíduos sólidos urbanos, tais como disenteria, giardíase, leptospirose e cólera, dentre outras. Estas doenças estão associadas à contaminação dos recursos hídricos por chorume infiltrado no solo ou levado pelas águas das chuvas.

O volume de resíduos sólidos descartados inadequadamente pela população, como garrafas plásticas (tipo PET) e outros materiais, causam entupimentos de bueiros e galerias de águas pluviais, obstruem o fluxo em cursos d’água, sendo responsáveis por enchentes e alagamentos.

Cada cidadão pode contribuir para a minimização desse problema, se aplicar o princípio dos 3 R’s:

Reduzir – Diz respeito à redução de lixo, consequentemente o uso de matérias-primas e energia. A redução é conseguida com:

1) a compra de produtos em embalagens retornáveis;

2)evitando-se o uso desnecessário de sacos plásticos e produtos descartáveis;

3) amassando e compactando as embalagens antes de colocá-la nos lixos; e

4) dando preferências às embalagens recicláveis.

Essa medida contribui para a diminuição da quantidade final do lixo destinado aos aterros e evita a degradação ambiental. Gera, também, diminuição dos gastos com coleta e disposição de resíduos e redução do desperdício de energia e de recursos extraídos da natureza (árvores para fazer papel, bauxita para fabricar alumínio, areia sílica para fazer vidro etc.).

Reutilizar – Encontrar outras finalidades para produtos e embalagens antes de descartá-los, como utilizar o verso de folhas de papel já escritas, usar os potes de vidro ou plástico para guardar pequenos objetos ou transformá-los em objetos decorativos através de técnicas artesanais.

Reciclar – Contribuir para que os materiais possam ser novamente transformados em matéria-prima, separando todo o material reciclável que deve estar livre de restos de alimento. Caso não haja serviço publico de coleta seletiva, o material pode ser entregue a alguma associação de catadores ou postos de entrega voluntária. Além disso, é possível tornar a coleta seletiva uma fonte de renda adicional para os empregados de condomínios ou ainda a utilização do valor arrecadado com a venda do material para pagamento de despesas, reduzindo-se o custo para os moradores.

O que pode ser reciclado:

Papel: jornais, revistas, cadernos, folhas de rascunhos, papel de embrulho, saco de pão, embalagens Tetra Pak.

Vidro: garrafas, potes, frascos de alimentos, frascos de perfumes, vidros de automóveis.

Metal: fios, arames, latas de bebidas, latas de alimentos, pregos, parafuso, objetos de ferro, bronze, zinco e cobre.

Plástico: garrafas de água, garrafas de refrigerante, potes de alimentos, brinquedos e frascos de produtos de higiene e limpeza.

Para a segurança dos coletores, todo material separado para a reciclagem deve estar limpo. Vidros e objetos cortantes devem ser embrulhados em folhas duplas de jornal.

Não pode ser reciclado: Cigarros, papel e absorventes higiênicos, lenços de papel, fraldas descartáveis, papéis engordurados, espelho, couro, cerâmicas, fitas adesivas, esponja de aço, tubos de televisão, lâmpadas, isopor, adesivos e fotografias.

A associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) cita alguns passos a serem seguidos para a implantação de coleta seletiva em condomínios:

– mobilizar o maior número possível de moradores, demonstrando a importância da iniciativa e informando-lhes como participar;

– definir os tipos de materiais recicláveis que serão coletados (jornais, papéis, papelão, vidro, plástico, alumínio, etc), tendo sempre em vista a demanda de mercado existente nas proximidades, pois essa preocupação viabilizará um fluxo constante de saída (venda), evitando o acúmulo excessivo dos materiais coletados por falta de “escoamento”;

– definir a estrutura operacional do sistema, sempre considerando 3 fases, ou seja, coleta, estocagem e venda (ou doação).

Nilce Regina da Silva – Mestranda em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da UNB. Colaboradora da Folha do Síndico

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